domingo, novembro 23, 2008

Conversações na Rede

A internet me interessa em especial por ser um espaço de conversações. Esse passo, que vai além da mídia de massa, para mim, faz toda a diferença: não se trata mais de só "receber" as idéias de um articulista num jornal (ou num site, como ainda ocorre), e de reagir individualmente, caso suas posições suscitem uma resposta. Postar na Rede é um convite à conversa: essas são as idéias que tem me ocupado, esses são os links que desencadearam a reflexão, que acham disso tudo, vocês que me lêem? O espaço às reações às minhas idéias é aberto e livre, e em quantos casos já vimos em que o debate que se segue passa a envolver outras vozes e outras questões que se desdobram e se diferenciam das proposições iniciais do enunciante.
Essa descrição faz sentido num modelo de comunicação mediado por blogs ou por listas de discussão, quando não há interferência acentuada do gerenciador do espaço. A natureza multi-polar e multi-direcional e a expectativa assíncrona da conversação referendam essas possibilidades.
As recentes postagens que fiz sobre o Twitter tratam de uma outra modalidade de comunicação. A Raquel Recuero, nesse post, sugeriu que ele seja visto como uma ferramenta de Mensagens Instantâneas Coletivas. Eu agregaria que talvez fosse melhor pensá-las como Mensagens Instantâneas Públicas e Compartilhadas, sem esquecer que só acompanharemos as atualizações de determinada pessoa se a incluirmos na relação daqueles que nos interessa seguir. Assim, é possível que um conjunto de pessoas esteja atualizando seus comentários sobre um tema comum (como foi o caso da ABCiber), mas se eu não as tiver no rol das minhas conexões no Twitter ou não estivermos usando uma TAG comum, acompanharei apenas parte da conversa. O que é bastante natural na nossa comunicação cotidiana, mas suficiente para termos claro que o conceito de "coletivo" pode ser problemático.
Provocada pelo Sérgio, preciso dizer que vejo valor na conversa via Twitter (e estou falando da cobertura de um evento, ou da comunicação sobre uma situação comum vivida por sujeitos em vários espaços), fragmentada, reiterativa, plena de subjetividades e nem sempre focada nas questões centrais de um enunciante. O fato de poder ter acesso às distintas formas de escuta, possibilita que eu possa refinar a minha, confirmar as minhas intuições, ponderar sobre outros olhares que ainda não haviam me ocorrido. A "conversa paralela" é também um canal de esclarecimento de algum ponto que ficou obscuro - o que, aliás, é tão comum em sala de aula, e tão difícil de saber o limite do momento de suspender. Enunciados que nos mobilizam intensamente nos levam a boicotar outras fontes distratoras da atenção - seja a conversa da colega, seja a postagem dos demais twitteiros. Portanto, cabe a cada um saber quando fechar o Twitter.
Ainda sobre conversações, preciso dizer que fico feliz sempre que sinto momentos mais densos de troca na Rede, em que o potencial de interatividade entre os sujeitos conectados se efetiva. Promover conversações não é algo trivial, e mesmo quando as ferramentas estão dadas, são muitos os leitores silenciosos, que por motivos dos mais variados não expressam suas reações às nossas idéias nos espaços abertos para isso. E nem por isso deixaram de interagir com essas idéias, o que nos leva à possibilidade de uma situação dialógica - uma resposta inesperada a um enunciado nosso em um momento futuro, num contexto distinto - sem que houvesse interatividade conosco.
Fico por aqui... já percebi que as conversações na Rede vão render outro post.

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3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Lilian,

acho que o momento da cibercultura não é sobre ferramentas... blogs, twitter e outras são apenas espaços para conversas. esses espaços dependem de contexto... precisamos pensar como atualizamos a conversa numa rede de agregadores... numa interface agregada o contexto é muito diferente daquele q originalmente criei no meu blog. a conversa eh boa! bjs

12:36 da tarde  
Blogger Lilian said...

Ei, HD!
Claro que pensei em vc quando estava escrevendo... mas resolvi não colocar o Clue Train no meio, para não complicar...
Certo, a conversa é boa! A próxima pergunta, a partir do que vc escreve, é o que muda na conversa só acessada pelo agregador daquela acompanhada nas próprias ferramentas, que afinal estão aí e são amplamente utilizadas.
Tenho as minhas hipóteses, mas adoraria ouvir as tuas.
bjs

1:18 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

estou fechando um txt
bjs

10:54 da manhã  

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