terça-feira, maio 12, 2009

Por que pratico o Copyfight

Já está na Rede, traduzido para o português, o artigo "Por que pratico o Copyfight", de Cory Doctorow, escritor e articulista de vários jornais e portais. Doctorow é uma das vozes mais atuantes na reflexão sobre o sentido do conceito "direitos autorais" - ou Copyright - nessa época em que a digitalização dos suportes da cultura facilita tremendamente sua replicação e circulação a custos irrelevantes.
O texto me impressionou por sua lucidez. Ele recupera a história do surgimento das tensões ao redor do controle da reprodução de produtos protegidos por copyright, a partir da popularização de tecnologias que facilitam a duplicação e circulação de músicas, textos e imagens. Coisas que vivemos nos anos 70 e 80 aqui no Brasil, época do gravador e da fita-cassete, das máquinas de xerox, do vídeo-cassete. Época em que gravar uma fita de presente para um amigo com suas músicas favoritas, copiadas de vários discos, não era uma atitude suspeita.
Doctorow faz uma associação perfeita entre a forma natural como retomamos e reutilizamos poemas, canções, histórias, trechos de filme, e a dinâmica da cultura que, antes de ser mercado, é uma prática social por meio da qual regulamos nossos sonhos, nossos limites, discutimos nosso passado, contamos a nós mesmos e ao mundo quem somos e quem gostaríamos de ser. Proibir o uso dos versos que constituem nossas memórias e nossos sentimentos, a citação às músicas que marcaram nossa vida, é como proibir o uso pelas nossas células dos nutrientes que consumimos nos alimentos. Ou seja, é pedir o impossível.
A cobrança pelo direito ao uso, à citação, à readaptação e à distribuição dos produtos culturais precisa ser repensada com um olhar atento ao mundo de hoje. Aliás, outro artigo essencial nesse momento foi escrito por Clay Shirky, "Jornais ou pensando o impensável". Ele fala sobre as diferentes posturas de profissionais relacionados ao mundo dos negócios na era da cultura imaterial, nesse período de transformação.
Não é à toa que as traduções dos dois artigos encontram-se no mesmo endereço: eles foram traduzidos em "mutirão", por pessoas ligadas nesse debate e que se sentem à vontade para ler e traduzir do inglês. A iniciativa é do projeto "Adote um parágrafo", capitaneado pelo Juliano Spyers, com a louvável intenção de ampliar o acesso a textos que nos parecem fundamentais para a compreensão dessas questões, eliminando a barreira da língua.
Participar do projeto, traduzindo alguns parágrafos e estando próxima a outras pessoas que, como eu, apostam em outros modelos de licenciamento para produtos culturais, é parte da minha contribuição pelo copyfight.

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1 Comments:

Anonymous Frederico said...

Olá Lilian,

Ótimo artigo com excelentes dicas. Já guardei aqui e assim que tiver um tempinho (que está difícil ultimamente) vou dar uma olhadas nas fontes.

Um grande abraço e até mais.

3:29 da tarde  

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