segunda-feira, dezembro 28, 2009

Não contem a ninguém

Fim de ano é época de mensagem bonita, de tom poético, incentivo à tolerância e votos em nome da fraternidade universal. Juro que vou tentar escrever uma mensagem assim nos próximos dias, mas antes que o ano termine preciso contar algumas coisas.
Vocês que me lêem vão prometer não contar a ninguém, claro, pois o mar anda perigoso para quem reclama da vida, em especial na internet.
As novidades permeiam a minha curta jornada de merecido descanso. Está tudo ótimo, estou aqui feliz com a família, todos com saúde e em santa paz.
Devo ser mais uma pessoa comum, entre as milhares de pessoas que tiraram uma folguinha nesse fim de ano. E portanto, mais uma entre as milhares que começa seu descanso indignada com a temporada de “caça ao dinheiro do turista”, que parece ser uma rotina compreensível na vida do setor da economia que se ocupa desses seres tão previsíveis – os cidadãos que querem sair uns dias de sua rotina e – se possível - descansar em uma outra paragem.
O inusitado começa na primeira parada da viagem – não mencionarei nomes de nenhuma cadeia de lanchonetes na estrada para o litoral norte de S.Paulo, para não correr o risco de ofender alguém. Doze reais por pão com linguiça? Quando a gente se dá conta, já está no caixa, e aí, meu amigo, foi-se a hora de reclamar...
Também não vou comentar os 20% de aumento na batata frita da praia entre os dias 24 e 25 de dezembro... talvez seja época de acertar as perdas do ano... afinal, quem está viajando deve ser porque algum ganhou, não é mesmo? Então qual é o espanto se a porção agora custar o equivalente a três quilos de batata?
Não seja eu leviana, também, em levantar suspeitas sobre a qualidade de um protetor solar que resolvi experimentar – era mais perfumado... Não quero citar nomes, essa poderosa senhora dos cosméticos internacionais pode se sentir injustiçada. Mas a vermelhidão nas minhas costas não está me deixando esquecer do assunto.
Por último, também nada a declarar sobre o susto que meu marido tomou hoje quando olhou para a garrafa de água mineral de uma importante marca de bebidas – cervejas, sucos, etc – que não ousarei informar o nome, já que não quero comprometer sua nobre atuação no patrocínio de eventos culturais na região. O nível de Nitratos registrado no rótulo estava em 12 – e ele, que trabalha com temas relacionados a meio ambiente –nunca nos deixa tomar água mineral se o nitrato estiver igual ou maior que 5. É um indicador claro de atividade humana na fonte, ou seja, poluição braba.
Será que ao querer descanso a gente fica com os olhos mais sensíveis a essas coisinhas à toa? Será que a naturalidade com que vivenciamos esses pequenos detalhes não é altamente nociva à saúde de um país?
Não, por favor, não contem a ninguém. Afinal quem precisa ouvir essas coisas nessa época do ano? Vai que um profissional da defesa dos direitos à reputação ilibada das pessoas jurídicas sinta-se compelido a sair de seu descanso e tenha que atender um cliente ofendido por uma turista linguaruda... Fica só entre nós.

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2 Comments:

Anonymous Josete said...

Oi Lilian!
Muito boa essa reflexão! Pode deixar, não vou contar para nuinguém... Mas, cá entre nós, você faz muito bem em falar sobre esses abusos, viu! Feliz 2010! Beijão,
Josete

11:40 da tarde  
Blogger Pedro B. M. Serrano said...

Lilian,

Vim aqui de passagem. Li uma postagem mais acima e comentei. Depois disso, estava decidido a desligar o computador e me dedicar a outras coisas que tenho de fazer nesse momento. Contudo, me peguei lendo o primeiro parágrafo desse texto e, rápido que só, cheguei ao seu final. Assim é que é bom!


Abraço,
Pedro.

10:01 da tarde  

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