terça-feira, março 15, 2011

Retornando a leituras de outros tempos

De tempos em tempos volto à leitura de algum livro que está quietinho na estante.
Leituras que já fiz em outros momentos, motivada, provavelmente, por razões diferentes das que me levaram a ele agora.
Abri hoje o Viena Fin-de-Siécle, do Carl Schorscke, e me deparei com uma dúzia de post-it marcando distintas páginas, ao lado de passagens que considerei relevantes.
Volto a lê-las, sim, são interessantes, mas não tenho pistas dos critérios que me guiaram a dar-lhes destaque, ressaltadas pelo estridente papelzinho cor-de-rosa grudado na margem.
Me pergunto se conheço o conteúdo desse livro - que li, marquei, e sem dúvida gostei, disso me lembro perfeitamente. A resposta imediata é sim, mas devo reconhecer que o que poderia falar sobre ele, sem tomá-lo nas mãos e estudá-lo outra vez, seria superficial e não daria conta do texto rico e profundo produzido por Schorscke.
De onde concluo que sim, essa leitura formou a mim, auxiliou-me a fazer conexões importantes na minha compreensão sobre a ruína do Império Habsburgo e o sentido de todos os desafios que se colocaram a cientistas, artistas, e todos os homens e mulheres que vivenciaram aqueles tempos tão intensos no que diz respeito à ruptura de valores tão enraizados. Mas tenho que reconhecer que muito da riqueza daquela leitura não permanece de forma palpável.
Será que temos como avaliar quanto tempo nos dedicamos à leitura, e quanto em nós fica dela?

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4 Comments:

Anonymous Sérgio Lima said...

A sua pergunta final, em particular a segunda parte: O quanto fica em nós? Me leva a arriscar um esboço de resposta... O conhecimento só nos serve (e portanto "fica conosco") se resolve um problema real ou se nos produz uma experiência prazerosa (estética ou cognitiva).

8:40 da manhã  
Blogger Lilian said...

Oi Sérgio,
Interessante esse olhar.
Será que não há diferença entre o "ficar" e o "servir"? Muitas vezes percebemos muitas coisas que ficam - voltam à nossa mente reiteradamente - e não servem pra muita coisa (um jingle, por exemplo). Pode ser que isso ocorra pela experiência estética, mas não obrigatoriamente por ela ser prazerosa, não nos nossos parâmetros conscientes.
É curioso, é possível que haja, para além da nossa observação controlada, um sistema que produz essas marcas e as recupera a partir de estímulos que surgem em situações inesperadas...
O povo das ciências cognitivas deve ter mais estudos nessa área.
abços
Lilian

12:09 da tarde  
Anonymous Helen Forgach said...

Lilian, que legal vc ter me perguntado sobre o blog...pensei realmente nessa vontade esta noite que me perdi entre meus pensamentos...e outro tema que pensei deles além do " estou com vonatde de fazer um blog", se encaixa bem na tua pergunta:"Será que temos como avaliar quanto tempo nos dedicamos à leitura, e quanto em nós fica dela?" nao sei responder racionalmente, mas tenho sentido neste momento de vida que o conhecimento que vamos acumulando na nossa trajetoria cultural e de vida tem uma forte influencia nos passos que damos e na nossa capacidade de caminhar...! Bom, nao conheço ainda muito do assunto "blogs", mas estou gostando muito da clareza do teu! Beijos

9:02 da tarde  
Blogger Lilian said...

Oi Helen,
que reencontro gostoso esse nosso, na Rede.
Blogar tem me proporcionado isso: um espaço pessoal de organização e expressão das idéias e bons encontros, reencontros e novas conexões.
Vc tem razão, somos quem somos por tudo o que lêmos, por tudo que vimos, ouvimos, pensamos, trocamos e fizemos.
E quando a gente oferece um pouco do quem somos ao mundo, por exemplo, blogando, a experiência tem me mostrado que muitas outras coisas interessantes nos são oferecidas de volta.
Benvinda e grite se precisar de uma mão!
Lilian

11:44 da tarde  

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